Não vou dizer os motivos de eu ter ficado ausente em praticamente 2020 inteiro porque esse ano dispensa justificativas, e também não prometo frequência de textos por aqui, por mais que eu queira, mas o importante é que vim tirar a poeira do blog no primeiro dia de 2021. ♡
Hoje, além de sonhar com vacinas, concluí a gameplay do game Tell me Why, lançado em setembro passado pelo estúdio francês DONTNOD, criador da franquia Life is Strange. Mais uma aventura episódica pra conta, com três capítulos de 2h30 - 3 horas cada (dependendo do seu nível de exploração, as always); mas, diferentemente de LiS, em que o espaço de lançamento entre os episódios era de meses, aqui foi de apenas uma semana pra cada. ATÉ QUE ENFIM, NÉ?
Disponível para Xbox, PC e Steam (onde joguei), Tell me Why acompanha o reencontro dos gêmeos idênticos Alyson e Tyler Ronan 10 anos depois de uma separação abrupta, ainda crianças, quando sua mãe atentou contra a vida do garoto, movida por transfobia. De volta à sua cidade natal no Alaska, onde o único lugar quente deve ser o cu de uma foca, ambos precisam vender a velha casa da família. No entanto, no meio do caminho, decidem montar um quebra-cabeças de suas vidas para conseguirem seguir em frente.
Tratar de temas sociais virou uma característica notável da DONTNOD. Enquanto no primeiro Life is Strange a abordagem da relação de Max e Chloe se transformando de amizade para amor romântico foi mais discreta (mas não menos palpável), no segundo game da franquia o estúdio soltou a mão na bandeira do arco-íris: criou uma rota bissexual para o Sean, e aqui, em Tell me Why, temos o primeiro protagonista transsexual da história dos games. Tudo construído com muita sensibilidade e com a colaboração do GLAAD, um grupo de defesa LGBTQI+.
A identidade de gênero do Tyler é algo bastante marcante na história, assim como o impacto disso para ele, mas definitivamente não é o que move a narrativa. Podemos inclusive dizer que Tell me Why daria um ótimo Life is Strange 3. Afinal, como comentou minha parça Áurea, a DONTNOD importou várias coisas da franquia, como uma estranha fixação por piratas, polaroids e deixar crianças órfãs e traumatizadas.
Piadas à parte, TMW e LiS compartilham trilhas sonoras massas, um toque sobrenatural, temas que englobam conexões e relações humanas, uma direção de arte linda (alô, BRKS Edu) e a importância de fazer as pazes com o passado.