É pra glorificar de pé.
Depois de três (ou duas e meia) bolas foras, finalmente a Deck Nine mandou uma dentro. E ainda bem: porque estavam mexendo com as personagens mais queridas de Life is Strange; se o resultado final fosse um fiasco, o fandom ia reclamar mais que a Tulla Luana em dias de Colheita Feliz.
Não que Farewell (ou Despedida, no Brasil) esteja imune a críticas, mas, num modo geral, agradou bastante os fãs. O episódio bônus de Life is Strange: Before the Storm foi lançado globalmente no dia 5 de março nas plataformas PC, Xbox One e Playstation 4, depois de uma espera de mais de dois meses. Durando uma hora e meia, mais ou menos (quem gosta de explorar cada cantinho mínimo de cada espaço provavelmente vai gastar mais), ele se passa num período de algumas horas em um dia da infância/adolescência de Max e Chloe, quando ambas tinham 13 e 14 anos, respectivamente.
Com pouco mais de três minutos de jogo, meus olhos já estavam marejados. Não porque ele já começa apresentando uma cena dramática, mas a saudade das minhas personagens favoritas da franquia em momentos inéditos, a ansiedade acumulada e ouvir mais uma vez as suas vozes originais (lembremos que a dubladora da Chloe em Before the Storm foi outra) foram um combo-emoção. Aliás, posso começar os elogios ao episódio pela qualidade da dublagem: como sempre, Hannah Telle e Ashly Burch realizaram um trabalho incrível, mas Ashly em particular me impressionou pela forma como ela conseguiu transformar a voz tão querida e familiar da Chloe em um tom mais infantil e igualmente pertinente à personalidade dela na época. A qualidade dos gráficos, como já demonstrada nos episódios anteriores, enfatiza as expressões faciais. As sardinhas da Max estão mais aparentes (<3) e, os olhos, mais vivos e naturais.
Quem leu meus textos anteriores sobre o prelúdio sabe que tive problemas com Before the Storm pelo fanservice gritante e pelas inconsistências em relação à temporada original. Como dizem por aí: tinha "mais furos do que queijo suíço". E, por esses motivos, não consegui considerá-lo um jogo canônico.
Mas o fanservice de Farewell funciona não só pelo fator nostalgia, como para acrescentar e reforçar informações sobre as meninas anos antes dos acontecimentos de Life is Strange. Sem forçação de barra. E o melhor: sem inconsistências - pelo menos, todas que foram apresentadas até agora já caíram por terra. Parece até que a DONTNOD teve um dedinho nesse trabalho (ou que a Deck Nine aprendeu com os erros e as críticas) (
É lógico que eu queria um episódio mais longo e com puzzles mais elaborados? Sim, é. Meus pontos negativos se resumem a isso. Mas o que o estúdio entregou preenche a lacuna do meu coração e o aquece confortavelmente com os momentos mais ternos que Max e Chloe poderiam ter, dados os contextos. Aqui, estamos de volta na pele da fadinha linda rainha da terra encantada dos elfos Max Caulfield lidando com o dilema de contar "logo" ou não contar para Chloe que está indo morar em Seattle dentro de poucos dias. Enquanto isso, elas explodem barbies (HELLA YES), arrumam a bagunça do quarto e, ao encontrarem velharias cheias de significado pra amizade delas (redescobrimos que a Chloe é bastante sentimental quando se trata de ter que jogar fora algo que marcou suas histórias), decidem reviver as brincadeiras de piratas que faziam parte de seus dias quando mais novas.
Foi uma surpresa bem gostosa saber que elas se conhecem desde os cinco anos de idade (segundo a Deck Nine, rs) – o que é mostrado pra gente através da foto mais fofa EVER e quem não explodiu de amor já foi sugado pelos Dementadores há muito tempo:
Halloween 2001: fantasiadas de ice cream sandwich. Abraçadas porque eram o recheio. I CAN'T. |
Como em Before the Storm (ou como quase tudo em BTS deveria ter sido), as escolhas aqui são levam – e nem poderiam levar – a consequências impactantes, por motivos óbvios. No entanto, acho altamente recomendável jogar Farewell mais de uma vez para destravar diálogos e interações que parecem competir entre si no quesito NHOIMM MEU DEUS e/ou simplesmente apreciar um outro ângulo desta que é uma das relações mais apaixonantes de personagens com que já me envolvi (seja de game ou de qualquer outra plataforma) nessa vida. O jogo também traça vários paralelos com a história e desenvolvimento das duas na primeira temporada, então é bem interessante se manter atento e captá-los.
A única coisa ruim de repetir Farewell algumas vezes é ter que encarar o seu final – uma cena quase tão difícil de reassistir quanto o final Sacrifice Bae, na minha opinião. Estou, inclusive, evitando ouvir Black Flies, do Ben Howard, para não despertar os feels e relembrar não só a Chloe agarrada ao seu gravador, mas o verdadeiro significado do título Despedida desse episódio: o nosso último adeus à Max e Chloe em uma última oportunidade de jogar com elas.
Ainda não sei se a ficha caiu. Mas, quando cair, vai ser de uma altura bem considerável.