Não sei vocês, mas só por esse nenê segurando esse sabre de luz eu já daria 5 estrelas pro filme (inclusive muito feliz que ela vai estampar o thumbnail preto e branco do post ali em cima).
Ah, fique tranquilo: não há spoilers por aqui.
Eu sou uma pessoa altamente influenciável pelo hype. Não é à toa que rodei a última Comic Con inteira atrás de um boné de Stranger Things pra depois, já no avião de volta pra casa, refletir: NAONDE CARALHAS você ia usar um boné de Stranger Things de R$ 80, Manuela? No trabalho? Na corridinha de rua que você dá a cada 4 meses? Quando tem que sair de casa no domingo e quer esconder o cabelo sujo? Francamente.
Pois então, o hype. Star Wars é uma das coisas mais hypáveis do planeta, portanto, quando os cinemas liberaram suas salas pra pré-estreia do episódio VIII, eu saquei minha carteira na velocidade da luz pra comprar o ingresso. Pouco importava que a sessão era à meia noite, que eu teria que acordar às 7h no dia seguinte pra trabalhar e que o filme duraria mais de duas horas e meia. Certeza que ficaria 100% do tempo vibrando na poltrona e mastigando pipoca.
Eu quase tive razão. Na cena de abertura, como de praxe, estava alertíssima de entusiasmo. Mas, antes da metade da projeção, eu já dava cochiladas homéricas de 3 segundos com intervalos de 10, em uma prova de que a idade chega para todos, inclusive a humilhação de tentar manter um olho aberto e outro fechado numa sessão de cinema.
Não que Os últimos Jedi seja entediante. Longe disso. Além do quê, pecado demais dormir enquanto Daisy Ridley está em tela, e os barulhos de explosões me sobressaltaram constantemente.
Essa é a deixa pra começar pelos elogios: o novo filme da saga está recheado de ótimas sequências envolvendo batalhas entre naves, muitas delas protagonizadas pelo piloto Poe, cujo papel tem muito mais destaque. O visual está maravilhoso, com cenas bem plásticas que nos fazem querer assistir em câmera lenta e desejar que as fotografias móveis de Harry Potter existissem na vida real. A sensação de estarmos de fato no meio de uma guerra, com a imprevisibilidade catastrófica recorrente de Rogue One, existe, e o foco em histórias paralelas da perda de quem amamos nesse contexto reforça a questão.
Os últimos Jedi começa exatamente onde O despertar da Força termina, com Rey encontrando Luke numa ilha isolada, enquanto a Resistência enfrenta o cerco da Primeira Ordem. Os conflitos se estabelecem com a perseguição implacável dos seguidores do lado negro - fazendo com que Finn e sua nova companheira de aventuras, Rose (na primeira imagem), entrem em uma missão arriscada para ajudar seus aliados a fugirem -, e com a dinâmica espinhosa entre Luke e minha crush, que deposita nele a esperança de derrota de Kylo Ren e cia.
A despeito das excelentes críticas que Os últimos Jedi está ganhando, acredito que minha opinião seja impopular: pra mim, ele não superou O despertar da Força, que continua sendo meu episódio favorito. O sétimo tem, de fato, uma estrutura semelhante à de Uma nova esperança, mas me pareceu mais amarrado que este novo filme, que, por sua vez, ganha pontos por um roteiro bem diferente dos outros filmes da saga: ousado, surpreendente e quase subversor em relação aos valores há muito apresentados de seus personagens. A presença da Leia continua incrível, pra nosso deleite após o luto da morte da atriz. Gostei muito da conexão entre Rey e Kylo, que aqui estão ainda mais desenvolvidos e interessantes, principalmente o narigudo, e a forma como essa conexão é apresentada.
Meu problema com Os últimos Jedi foi, sobretudo, por causa do ritmo. Sabe núcleos de novela de um capítulo qualquer que não são desenvolvidos por igual? Foi o que senti com os diferentes momentos do filme, o que deixou o ato central meio arrastado, principalmente a parte do cassino - quem assistiu vai entender. Esse tipo de quebra me tira um pouco da imersão (mais do que pescadas).
O filme também peca nas suas conveniências, como o que acontece com Leia quando a nave onde estava sofre um acidente, o destino do Líder Supremo Snoke e o personagem do Benício del Toro e sua curta participação. Lembra da capitã Phasma, que prometeram mais evidência no episódio VIII? Torço pra que você ache o que deram a ela suficiente. Outra coisa: tive a sensação de que o filme não se resolve nele mesmo, construindo momentos que na verdade são a introdução de algo que será mais e melhor desenvolvido na sequência.
Apesar desses pesares, há um equilíbrio com outros aspectos memoráveis desta história. Luke e sua interação com a Força espantaram qualquer resto de sonolência meu naquela sala do cinema. A cena final de Os últimos Jedi foi uma das coisas mais arrepiantes de lindas que vi nos últimos tempos, que tem tudo a ver com o resgate que fizeram à essência política de Star Wars, em que, aqui, a representação do bem e do mal está mais relacionada à dinâmica social. Burgueses x oprimidos, a esperança depositada em heróis de uma grande nação que lutam pela liberdade. Duas forças que se puxam.
Provavelmente não repetirei a aventura de sair de um shopping às 3h da manhã por causa de uma pré-estreia, mas já espero desejosamente pelo episódio IX.