29 outubro 2017

Nossos filhos estão de volta em Stranger Things 2

postado por Manu Negri


Depois de 1 ano, 3 meses e 12 dias de espera, enfim minha ninhada voltou para os meus braços, em uma guarda compartilhada com toda a internet, que está enlouquecida de amores com a nova temporada de Stranger things. <3

A série virou um fenômeno desde a sua estreia no ano passado e posso arriscar que é a obra original da Netflix de maior sucesso atualmente. A empresa, aliás, declarou que Stranger things ganharia mais algumas temporadas ainda naquela época, o que levou os espectadores à pergunta: a história tem base pra ser desdobrada por tanto tempo? Bom, a resposta, aparentemente, é "sim". No entanto, apesar da nova leva de episódios demonstrar que o universo da cidade de Hawkins pode ser expandido de uma forma que fique coerente, pouco foi explorado do mundo invertido. O clima de mistério que é o cerne de Bagulhos sinistros continua, mas as perguntas sobre o que é "o outro lado", como se deu sua descoberta, pesquisas, o que são aquelas coisas nojentas e etc. continuam; ou seja, quem espera respostas demais vai ficar decepcionado, e quem quer "mais uma dose" de Mike, Dustin, Lucas e cia vai ganhar um prato cheio

Esta nova temporada se passa 1 ano após os acontecimentos anteriores. Eleven continua desaparecida para os amigos, mas descobrimos que ela esteve sendo mantida a salvo pelo delegado Hopper, que arrumou um abrigo no meio da floresta onde ela pudesse morar com tranquilidade e longe tanto do laboratório local quanto do governo. Enquanto isso, Will sofre de episódios graves em que suas visões do mundo real se confundem com as do mundo invertido, levando-o em contato direto com o "Monstro das Sombras" - um bichão gigantesco que parece governar todas as criaturas por lá, inclusive os Demogorgons.


A temporada nova não é melhor que a primeira, mas mantém a qualidade. As crianças continuam ótimas, o clima de nostalgia é forte e a construção do enredo te fazem consumir episódio atrás de episódio sem olhar pro relógio (digo que concluí todos os nove em dois dias com certo orgulho, visto que aparentemente adentrei aquela fase da vida em que dormimos com qualquer coisa que estiver passando na TV). Além disso, me marcaram de forma positiva o figurino - que dispensa mais elogios -, a fotografia e as transições de cenas, que costuram acontecimentos de núcleos diferentes com bom humor e coesão. 

Dessa vez, Eleven e Mike saíram dos holofotes e deixaram o resto do elenco mirim brilhar. Tivemos finalmente a oportunidade de ver Noah Schnapp, quem interpreta Will, mostrar todo o seu potencial de atuação; que menininho mais maravilhoso! Aquele cabelinho de cuia mal cortado não tinha me preparado pra tanta qualidade artística em cena. Lucas perdeu seu lado racional meio insuportável da temporada anterior e está muito mais carismático. Dustin continua babaca, mas aquele babaca adorável que todos amamos, e responsável pela maioria dos momentos cômicos. Steve deu um salto em seu personagem, saindo do embuste que foi na temporada anterior (grande parte dos episódios) para um cara amigável e gentil, confundindo meu coração shipper entre Nancy e Johnathan. Falando neles, os personagens foram responsáveis por manter a chama da Barb acesa em uma investigação particular sobre sua morte e os impactos do seu desaparecimento sobre seus pais. Acho engraçado como uma coadjuvante com pouco espaço pôde se tornar tão popular.

Também tivemos novos personagens na temporada. O mais carismático, disparado, é Bob - em provavelmente mais uma ligação com os clássicos de décadas passadas, já que ele é interpretado por Sean Astin, um dos astros de Os Goonies). Namorado de Joyce, ele é aquele cara bobão, tiozão do pavê, de coração enorme, mas que foi peça-chave para a solução de alguns grandes problemas enfrentados pela trupe. Outra que entrou - ou está ainda em processo de entrar - pro grupo dos meninos é a tomboy Max, uma nova moradora de Hawkins, e talvez referência à Max de Life is Strange, como vários fãs do game e o próprio estúdio desenvolvedor apontaram nas redes sociais e que vou contar porque nunca perco uma oportunidade de falar qualquer coisa sobre o jogo, inclusive estou pensando em mudar o endereço do blog pra vemaquirapidao/lis
   

Bom, além do sobrenome da personagem da série ser Mayfield, enquanto no game é Caulfield, e do apelido de ambas ser Mad Max, não há grandes semelhanças entre as duas ao longo dos episódios. Entretanto, uma galera aí tá achando que a Max de Stranger Things terá alguma ligação com poderes psíquicos, assim como Eleven, já que no jogo oficial da série pra smartphone existem grandes pistas apontando pra isso. Bom, se ela começar a viajar no tempo, acho bom a DONTNOD entrar em contato com os advogados, risos

O irmão de Max, Billy, é outro novo personagem regular que entrou como o antagonista humano da história: uma versão mais embuste do Steve da primeira temporada, cheio de si, violento e metido, mas que, na real, não meteu muito medo em quem estava assistindo. Acredito que os dois ainda serão melhor desenvolvidos a partir da próxima temporada (o mistério do porquê terem se mudado pra cidade, por exemplo, deve ser algo a ser respondido), mas, por enquanto, são duas linguiças na história. Espero que lá a Max pare de levar patadas dos meninos e seja aceita integralmente membra do clube, porque curti a menina.

Por incrível que pareça, Eleven foi a personagem que menos despertou meu interesse aqui. Isolada no meio do mato, sua jornada foi compreender parte de seu passado através da história de sua mãe, o que achei bem bacana, mas foi um núcleo brutalmente interrompido só pra ter boas chances de ser retomado no próximo ano. O sétimo episódio da temporada, em que ela viaja para Illinois encontrar uma "irmã" do laboratório (também poderosa, usada para testes), foi sem dúvidas o pior de todos; completamente destoante, quebrou a harmonia do que estava sendo apresentado até então, trazendo personagens nada cativantes, apenas para mostrar ao público que Eleven estava tentando se encontrar. O que, claro, consegue, em uma resposta óbvia para "qual é o seu verdadeiro lar", afinal de contas. (a coisa toda foi tão maçante que deu tempo, enquanto assistia, de ler toda a incrível matéria sobre o Fofão da Augusta que saiu no Buzzfeed Brasil - aliás, leiam!) 

Eleven retorna como a esperada salvadora da pátria no penúltimo episódio, que, junto com o último, está bem dinâmico e com um bom ritmo de ação. O portal para o mundo invertido foi fechado, mas é calaaaaro que alguma coisa vai acontecer em breve (A Vingança do Monstrão das Sombras ou Os Demogorgons Contra-Atacam), como sugere a última cena - e da próxima, espero que o roteiro seja menos preguiçoso na hora de amarrar os questionamentos envolvendo o universo deles. Achei bem fofinha a cena do baile de inverno, e necessária, digamos assim; além do lance de "estamos todos bem e a vida continua", temos que pensar que no ano que vem as crianças serão oficialmente adolescentes, com voz grossa, dois metros de altura e hormônios entrando em ação, portanto, nada mais natural que os interesses românticos se façam presentes. *shipping hard Lucas & Max*

Ahhh... é, ano que vem. Só nos resta esperar mais 365 dias (e mais) pra nos reunirmos novamente com eles e maratonar um fim de semana inteiro. Stranger things é diversão e pede que a gente não leve a série tão a sério (rs). Bora mergulhar no clima oitentista, na trilha sonora nostálgica e em seus elementos fantásticos; e daí que o Will consegue desenhar loucamente rabiscos incompreensíveis mas que fazem sentido quando Joyce os ordena pela casa, como um mapa, e que Bob ainda os ENTENDE? Acho que não vale a pensa se incomodar tanto com aspectos como esse a ponto de nos tiramos do lugar. Como Glória Perez declarou, "pobre de quem não consegue voar".



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