Quando joguei Life is strange no computador, há quase sete meses, não imaginava que hoje estaria com um videogame novo em casa.
Eu gosto de me incriminar (mas ainda não sei o que é MMORPG) |
E é nesse novo hobby, por onde ainda navego tímida fazendo descobertas tolas perante gamers experientes, que conheci Beyond: two souls, um jogo da Quantic Dream distribuído pela Sony exclusivamente para Playstation 3 em 2013. Também desenvolvido em sistema de escolhas (em que as escolhas do personagem – suas, no caso – influenciam o desenrolar de sua história), ele transita por 15 anos da vida da protagonista Jodie (Ellen Page), que nasceu com uma entidade presa ao seu corpo, que ela chama de Aiden. Muitas vezes agindo fora do controle do corpo dela (bem Poltergeist), Aiden é responsável por Jodie ser estudada em um laboratório da CIA, comandado pelo dr. Nathan (Willem Dafoe), e posteriormente usada em missões militares.
Eu joguei a versão remasterizada para Playstation 4, lançada em 2015, que dá a opção de jogar a história em ordem cronológica ou na ordem original, que pula de uma fase para outra (infância para adolescência, depois volta para infância, depois vai para a vida adulta, e assim vai). Essa foi a que escolhi e, no fim das contas, tenho minhas dúvidas se isso ajudou ou prejudicou o ritmo do jogo. Uma coisa que achei muito apropriada foi a pergunta educada que Beyond: two souls fez pra mim antes de iniciar a linha do tempo: "a madame está acostumada a jogar muito videogame ou sóoo de vez em quando?". Ufa, que bom que perguntou, porque não, não estou acostumada (ainda!), então o modo easy foi muito bem-vindo. E olha que mesmo assim eu apanhei (pobre n00b).
Aiden apertando uns pescoços alheios |
Falando (ainda) em jogabilidade, como deve ser normal pra qualquer pessoa que começa um novo jogo (espero que sim, risos), demorei para me acostumar com os controles. Ainda preciso ganhar mais coordenação motora e visual para futuros jogos de ação, como The last of us, que estou com muita vontade de começar, por exemplo. Sim, Beyond: two souls tem bastante ação se comparado à minha primeira jogatina no Playstation (dei porrada, levei porrada, fugi, corri, escalei, caí, BOTEI PRA QUEBRAR), no entanto, somos menos protagonistas dessas cenas de ação em si. Deu pra entender? Não atuamos diretamente nelas, mas somos guiados para que elas aconteçam como o roteiro pede (em lutas, por exemplo, você usa os controles para desviar de golpes ou aplicar golpes; não é nada parecido com Mortal Kombat) – o que descobri, só agora, se tratar de QTE (Quick Time Event). Bom, isso foi ótimo devido à minha falta de experiência, mas pode incomodar jogadores mais maduros. Ou não. A essa altura, eles já conhecem o estilo da Quantic Dream.
Para completar a moleza de Beyond: two souls, não tem como morrer no jogo (bem... não da maneira convencional em que você morre e joga a fase de novo até passar, ou leva game over). Por outro lado, isso é legal porque contribui para que o roteiro da história Jodie seja alterado a cada falha ou sucesso, até mais do que as escolhas que fazemos optando por uma resposta que Jodie dá a alguém (fria, solidária, irônica, etc.) ou outras decisões (conseguir dinheiro seguindo caminho x ou y, deixar seu colega ser torturado ou não, etc.).
Aliás, a dinâmica entre os personagens é bem importante aqui. Por mais que a relação que mais me tocou tenha sido justamente a de Jodie com Aiden, ela conhece um punhado de gente durante sua jornada, e a forma como você lida com elas define muito do que acontece com você depois. Algumas interações, na minha opinião, foram pouco desenvolvidas a ponto de eu me importar pra valer (principalmente interações românticas). Outras, em contrapartida, não precisaram de muito tempo para me envolver: bastaram o conjunto de acontecimentos intensos para que eu sentisse a conexão de Jodie com determinados personagens, algo muito gratificante particularmente, pelo final do jogo em que cheguei depois de quase dez horas (a propósito, Beyond: two souls tem 24 possibilidades de finais diferentes!).
Enquanto Life is strange parece uma série, Beyond: two souls soa como um filme longo: roteiro cinematográfico, trilha sonora linda (com composição de Hans Zimmer, apenas o cara responsável pelas músicas de nomes como Interestelar, A origem e a trilogia Batman), gráficos hiperdetalhados e atuações irretocáveis. Sim, não poderia deixar de ser: toda a animação do jogo foi feita a partir da captura dos movimentos e expressões faciais do elenco, que esteve brilhante, considerando as condições curiosas dessas capturas no estúdio desenvolvedor (veja o vídeo abaixo do trailer).
E, como num filme, Beyond: two souls vai te recompensar. Se você for sábio durante suas ações, prepare-se para um arco muito bonito de Jodie e um desfecho emocionante.