Bom, vamos lá: sim, eu sou fã de Harry Potter. Comecei a ler a saga entre os 11 e 12 anos e sou uma orgulhosa membrA da geração que cresceu junto com os personagens. Portanto, a notícia de que viria um oitavo livro, com uma história situada duas décadas depois do sétimo, balançou minhas estruturas. Mas, né, calma lá: como você deve saber, Harry Potter e a criança amaldiçoada não é um romance e muito menos é escrito por J. K. Rowling; na verdade, é um livro com o ROTEIRO de uma peça que entrará em cartaz em Londres em um futuro breve, criado por Jack Thorne e, claro, com o aval da rainha Rowling.
Exatamente por ser um roteiro, foi um pouco difícil pra mim avaliar o que li. Apesar da estrutura possibilitar uma leitura bem leve e fluida, requer um pouco mais da nossa imaginação para construir as cenas na cabeça, já que no palco elas contarão com muitos artifícios visuais. Em alguns momentos eu me perdi em passagens de uma cena pra outra; eu achava que estava acontecendo uma interferência mágica (literalmente), quando na verdade havia passado UM ANO na história, só pra dar um exemplo. Não que seja, ohh, um defeito do roteiro. Provavelmente foi minha lerdeza habitual.
Harry Potter e a criança amaldiçoada começa exatamente na última cena de Harry Potter e as relíquias da morte, quando nossa turma querida está embarcando os filhos para seu primeiro ano em Hogwarts. A história foca em Alvo, caçula de Harry e Gina, e sua amizade inusitada com o filho de Draco Malfoy, Escórpio. Alvo é aquele tipo de personagem a quem você se afeiçoa, mas tem um pouco de preguiça de vez em quando – como aconteceu comigo em relação ao próprio Harry. O irmão, Tiago, nos poucos momentos em que aparece, se mostra um babaca igual ao avô. Já Escórpio, apesar de ter a personalidade um pouco semelhante à do Rony (que acho um porre) (muito polêmica eu), foi o personagem que mais me agradou. Sim, um Malfoyzinho muito do fofo.
O conflito se estabelece com a relação dos dois meninos aos olhos da sociedade bruxa, uma vez que correm boatos de que Escórpio poderia ser filho de Voldemort
MAS TÁ, VALE A PENA LER OU NÃO?
Quem sou eu pra dizer o que vale ou não a pena ler, né, migos? Mas, mesmo considerando que é um roteiro de peça, achei a história um pouco fraca. A própria motivação de Alvo pra ter feito o que fez me pareceu mais revolta adolescente do que qualquer outra coisa. Os boatos e desprezo que envolvem Escórpio se sustentarem por tantos anos sem nada que os fortalecessem soou forçação de barra. Alguns diálogos me incomodaram no sentido de parecer descaracterização de personagem, e o vilão que se revela mais pro fim do livro parece ter saído de uma ideia pra novela das oito. Tá bom já, né?
Vale, sim, pelo valor sentimental. Apesar de o tempo todo sentir que estava lendo uma versão do que seria a história de Harry, Rony e Hermione adultos e com filhos, e não uma continuação oficial da saga, foi gostosamente nostálgico revisitar personagens importantes dos livros e que amamos, como Hagrid, Snape (sim!), Dumbledore (marromenos) e a professora McGonagall, atual diretora de Hogwarts. Quem, aliás, deve ter encontrado a pedra filosofal, pra estar viva depois de todo esse tempo.
Mas o que deve valer a pena, acima de qualquer coisa, é assistir a essa peça. Com certeza a experiência com a história deve ser muito melhor, e algumas cenas devem encher os olhos do público. Me peguei várias vezes pensando "Putz, como vão encenar isso aqui?". Desde voos de vassouras, dragões e batalhas de varinhas a transformações com a poção polissuco!
Nos resta rezar por promoções de passagens para Londres nos próximos anos.
Ficha técnica
Editora: Rocco
Tradutora: Anna Vicentini
Páginas: 352
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