18 outubro 2016

Filmes da semana #9: filmes coreanos surpreendentes

postado por Manu Negri


Ó, já falei pra parar de preconceito bobo com filme oriental, né? E pra sair dessa bolha de Netflix porque ela, apesar de maravilhosa, não é a guardiã de todos os grandes filmes do mundo. Tem muita obra legal esperando pra entrar na fila do seu uTorrent.

POIS BEM.

Se seu último contato com coreanos tem a ver com a Sun de Sense8 ou com o cara que vende óculos de sol no calçadão, aproveita o Filmes da Semana da vez porque as indicações são três ótimos longas sul-coreanos que podem abrir seus olhos (escrota) para o cinema do lado de lá.


Train to busan


Train to busan, mais conhecido na minha mente como TREM PRO BUSÃO ou no título oficial brasileiro INVASÃO ZUMBI (cof, cof, gasp bleeerrrgh me leva, Deus), como este último sugere, é um filme sobre zumbis.

Calma, não passe para o próximo da lista ainda. Eu mesma nunca fui fã de histórias com zumbis, mas esse me fisgou (REC e Guerra Mundial Z também constam na patota). Train to busan conta a história de um gestor financeiro do tipo que dá mais importância pro trabalho do que pra família, completamente egoísta e distante, que vai levar a filhinha pra casa da ex-esposa pegando um trem de Seul para Busan. Segundos antes das portas dos vagões se fecharem, uma mulher infectada por vocês sabem o quê entra às pressas tentando fugir de vocês também sabem o quê, causando o velho e conhecido caos na Terra.  

Mas os zumbis aqui são diferentes dos de The walking dead, por exemplo: andam bem rapidinho, gerando uma angústia e sensação de perigo e urgência muito maiores. Train to busan também chama a atenção porque tem uma carga dramática muito forte girando em torno de seus personagens centrais, todos muito carismáticos: as irmãs idosas e unidas, o casal que está esperando um bebê, os amigos adolescentes que protegem um ao outro e, principalmente, o babaca rico e a filhinha coisa-mais-linda-do-mundo (atuação monstra, inclusive) que o ensina a ser altruísta e a se sacrificar pelos outros.

Enquanto tenta escapar dos zumbis DENTRO do trem (porque do lado de fora a situação está pior ainda), o grupo mantém a esperança de chegar em um lugar seguro e livre da violência. Mas Train to busan só deixa as cenas tensas e ameaçadoras de lado somente quando chega ao fim, literalmente. E eu chorei.



Oldboy


Guarde o nome do diretor desse filme pra posteridade: Park Chan-Wook.

Aliás, é provável que você já tenha no mínimo ouvido falar desse filme, ou ao menos do remake americano de mesmo nome, lançado em 2013. Eu, que sou uma vergonha, só assisti a Oldboy nesse último fim de semana. O filme segue a história de Oh Dae-su, um sujeito que, após ser solto da cadeia depois de uma bebedeira no dia do aniversário de sua filha, é sequestrado e mantido em cativeiro dentro de um quarto por 15 anos. Sem saber quem fez isso, e muito menos o porquê, Oh Dae-su nutre um profundo sentimento de vingança e jura que irá desgraçar a vida de seu algoz assim que o descobrir.

Mas ele nem precisa fazer (tanto) esforço pra escapar, porque o sequestrador o liberta justamente para que Oh Dae-su possa entender sozinho as motivações do crime e tudo o que aconteceu. Aos poucos, nosso protagonista anti-herói percebe que se encontra em uma trama sinistra que vai levá-lo de volta ao passado, onde um simples erro foi suficiente para determinar as vidas de algumas pessoas.

Falei misteriosamente assim porque quanto menos souberem sobre Oldboy, melhor. Se prepara, porque os plot twists do filme são de cair o queixo. Segure bem seus "puta que pariu" se estiver assistindo com a sua avó. Aliás, melhor não. Oldboy não é do tipo que deve ser assistido junto de avós, e você vai me dar razão.

(Oldboy é a segunda parte da Trilogia da Vingança, antecedida por Mr. Vingança e seguida por Lady Vingança, os quais pretendo assistir o mais breve possível.)



The handmaiden


Taí o mais recente filme de Park Chan-wook, um dos candidatos à Palma de Ouro desse ano, também repleto de plot twists sensacionais e que definitivamente não deve ser assistindo junto de seus avós.

Acho que menino Park andou gostando de dirigir uns filmes nessa pegada.

The handmaiden (no Brasil se chama A criada) é baseado no livro Fingersmith, de Sarah Waters, que também ganhou uma adaptação para um filme para TV, exibido na BBC (aqui, é conhecido como Falsas aparências). Eu já tinha assistido quando era adolescente, mas graças aos deuses me esqueci do principal da história, porque assim pude desfrutar das reviravoltas maravilhosas de The handmaiden como se fosse a primeira vez. Essa versão sul-coreana tem uma estética bastante diferente, com cenas mais OZADAS e brutais (é o Azul é a cor mais quente asiático, risossss), e algumas diferenças/invenções muito bem-vindas. E, novamente comparando com Oldboy, quanto menos você souber do enredo, melhor.

A trama se passa na Coreia do Sul nos anos 1930, durante a ocupação japonesa. A jovem Sookee é contratada para trabalhar para uma herdeira nipônica, Hideko, que leva uma vida isolada ao lado do tio autoritário. Só que Sookee guarda um segredo: ela e um vigarista planejam desposar a herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com o plano, até que Sookee se apaixona por ela.

A direção desse filme é uma coisa maravilhosa. Fotografia belíssima, direção de arte incrível, atuações memoráveis e um puta roteiro. Que conjunto, minha gente.



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