14 junho 2016

"Como eu era antes de você": bonitinho, mas ordinário

postado por Manu Negri


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Adaptado do best-seller de Jojo Moyes, Como eu era antes de você traz Emilia Clarke no papel da protagonista Louisa "Lou" Clark, uma jovem de 26 anos sem maiores perspectivas de vida que arranja emprego como cuidadora do tetraplégico Will Traynor (Sam Claflin), cuja condição foi responsável por deixá-lo, com o passar do tempo, amargo e infeliz.

Sobre a fidelidade em relação à obra original, tá todo mundo de parabéns. Roteirizado pela própria Moyes, o filme é praticamente um resumo do livro, com muitas falas preservadas, cenas marcantes e a linha divertida, apesar de parte da história se revelar um drama delicado sobre um tema espinhoso (falarei mais pra frente, com spoilers). Emilia Clarke está adorável e engraçada como Lou, sem qualquer sombra de Daenerys Targaryen, personagem que a tornou tão famosa em Game of Thrones. Mesmo quando Lou se via sem saída em algumas situações, foi impossível imaginá-la mandando um DRACARYS. Sam Claflin também faz um bom trabalho como Will, sarcástico e distante na medida certa, vulnerável quando tem que ser, trazendo à tona o sofrimento, resignação e tristeza do personagem. Quanto à química entre os dois, não tenho do que reclamar.

Nunca pensei que sobrancelhas pudessem ser tão expressivas.

Mas ordinário?

(Alerta de spoilers)

Sim, o filme é fiel ao livro, é gracinha e me fez derramar umas lágrimas bem das grossas (preciso dizer que jogaram sujo tacando música do Ed Sheeran no meio da cena). No entanto, não é uma obra memorável; ao contrário, é bem formulaica justamente por seguir o passo a passo de um romance que conquista multidões (principalmente as femininas, vamos combinar).

A gente deseja que o casal fique junto. O timing cômico foi melhor do que eu esperava (me peguei gargalhando em uma cena em particular envolvendo corrida de cavalos). Mas senti falta de dois pontos: primeiramente, achei que não ficou tão evidente quanto no livro a forma como Will foi importante pra Lou decidir aproveitar melhor sua vida, expandir os horizontes e se tornar uma pessoa mais segura de si. Principalmente porque é disso que trata o título "Como eu era antes de você" – eu, Lou, antes de conhecer Will. Segundo, que o tal tema espinhoso – a eutanásia – não é abordado com profundidade.  Você pode argumentar "ok, não era a vibe do filme, e nem mesmo o livro navegou por essas águas". E eu direi que você tem razão. Mas poderiam ser melhor explorados o dilema de Will, a questão direito de viver x obrigação de viver, o porquê de ele estar tão decidido a partir, mesmo com todo dinheiro e acesso a uma qualidade de vida que muitos na mesma situação não teriam e, ainda assim, escolhem ficar.

De qualquer forma, não cabe a ninguém julgar as escolhas do personagem. Nem é o foco, acho.
No fim das contas, o que importa perceber de Como eu era antes de você é que amar alguém é deixá-la livre. E é isso, definitivamente, o que mais gostei.





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