Terror é um dos meus gêneros favoritos no cinema e sei o quanto tem sido difícil um lançamento de qualidade nos últimos anos. Mas, pela graça dos deuses, em 2014 The Babadook surpreendeu pela proposta diferente e seu viés psicológico, caminho também trilhado por Goodnight Mommy (que considero muito melhor), um filme austríaco dirigido por Severin Fiala e Veronika Franz.
Na história, os gêmeos de 10 anos Lukas e Elias passam os dias brincando em sua enorme casa de campo à espera da volta da mãe, que está internada no hospital devido à uma cirurgia plástica no rosto. Mas, quando ela finalmente chega, o cheiro de merda está evidente (no sentido figurado, galera).
Com ataduras cobrindo quase toda a face, a mãe dos meninos não só passa os dias escondida como está mais distante, rígida e irritadiça. Antes uma figura que trazia consolo e paz, ela agora causa tensão e medo nas crianças, que começam a desconfiar se ela é realmente sua mãe. E é essa desconfiança o fio que conduz toda a narrativa do filme.
JesusMariaJosé |
Tem gente que detesta quando o ritmo do filme é lento. "Ah, APESAR de lento, eu gostei, etc. etc.". Passou da hora de entenderem que existem formas diferentes de contar uma história e que a dinâmica acelerada das produções americanas não é referência única no cinema. Goodnight mommy é, sim, lento, mas é justamente esse desenrolar sem pressa que ajuda a criar a atmosfera angustiante; o jogo de cenas é interessantíssimo, nos dando pistas sutilmente ao longo da projeção e construindo uma incógnita ao redor da suposta mãe. Os silêncios, no lugar de uma trilha sonora, são a cereja do bolo. E, ao final das quase duas horas, quando a charada enfim é revelada, a sensação é de que temos aqui uma bela surpresa em meio a tantas produções de terror que são uma cópia da cópia barata de outro. Filmaço!
UPDATE: é o indicado da Áustria para concorrer a uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.