15 agosto 2015

Misery - Louca Obsessão

postado por Manu Negri


Paul Sheldon é um famoso escritor de romances de época cuja personagem principal se chama Misery Chastain. Cansado do rótulo, Paul mata Misery em seu último livro para poder se dedicar a outros tipos de histórias. Passando pelo Colorado, após finalizar um novo romance sem relação com Misery, ele acaba sofrendo um terrível acidente na nevasca; entretanto, a sorte parece estar ao seu lado, pois ele é resgatado por uma enfermeira chamada Annie Wilkes, que se auto-proclama sua fã número um. Annie passa a cuidar de seu ídolo em sua isolada morada, sempre arranjando desculpas para não levá-lo a um hospital. Com o passar do tempo, Paul vai estranhando o comportamento de Annie, que pouco a pouco vai se revelando uma completa psicótica. Mas o pior está por vir, porque ela acaba comprando o último livro de Misery e descobre que Paul matou sua personagem favorita no final.

Misery foi escrito por Stephen King em 1987 e lançado no Brasil no ano seguinte, sob a tradução Angústia. Em maio deste ano, a Suma de Letras relançou a obra por aqui com novo título: Misery – Louca obsessão. Como o nome já indica, adianto que sua adaptação cinematográfica, Louca obsessão, virou um clássico nos anos 90 e rendeu um Oscar de Melhor Atriz à Kathy Bates, que interpreta a ~vilã.

Como sabemos, Stephen King é conhecido mundialmente como o Mestre do horror, com obras marcantes bem capazes de deixar marmanjos dormindo de luz acesa. Mas, em Misery, o horror da história não está ligado a monstros ou ao sobrenatural, mas sim à vulnerabilidade e crueldade humanas.

A narrativa angustiante de King (aliás, nota: Misery, além do nome da personagem, significa "tormento"), com toques bem pontuados de humor negro, nos conduz à jornada do escritor Paul Sheldon pela sobrevivência enquanto é submetido a torturas físicas e, principalmente, psicológicas, pelas mãos de Annie Wilkes. Esta, inclusive, é uma personagem muitíssimo bem construída; intercalados a acessos de fúria e total insanidade perigosa, há momentos de genuína doçura em suas falas e atitudes, o que me deixou totalmente confusa e assustada ao constatar que, sim, senti compaixão por ela. O que, acredito, tenha sido a intenção do autor. Se não for, talvez eu seja um pouco doente.

Mostrando completa maestria ao amarrar capítulos eletrizantes que te prendem a cada página, King entrega um profundo conhecimento sobre o ato de escrever, nos apresentando o interessante processo de como um escritor (Sheldon) dá vida a um livro.

Misery é uma das obras mais lembradas do Mestre até hoje e que merece ser lida. Mais do que nos presentear com cenas memoráveis na literatura (e cinema!) do gênero, é uma aula de como escrever bem.





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