Lembra dos irmãos Wachowski? Nome esquisito, né? Talvez se eu assoviar "criadores de Matrix", melhore. Infelizmente eu dormi enquanto tentei assistir, em parte porque não tinha maturidade pra entender a história na época, mas posso dizer que eles foram os roteiristas de V de Vingança, um dos melhores filmes da minha vida, e acertaram bem a mão ao trazer sua veia criativa sci-fi para Sense8 – a nova série da Netflix que estreou no dia 5 de junho, com 12 episódios.
As personagens principais são muitas: Riley, uma DJ islandesa que vive em Londres; Will, um policial sangue bom de Chicago; Capheus "Van Damme", um motorista de van de Nairóbi; Sun, uma empresária coreana e lutadora de artes marciais; Lito, um astro de filmes mexicanos que tem uma ~vida dupla~; Kala, uma farmacêutica indiana que não quer se casar sem amor; Wolfgang, um alemão especialista em arrombar cofres; e Nomi, uma hacker e ativista transgênero de São Francisco. Todos tão diferentes e de lugares tão diferentes do mundo, mas com algo em comum: são capazes de partilhar entre si memórias, habilidades e sensações. Basicamente, podem entrar nas mentes uns dos outros e, por isso, são chamados de "sensates" (ou "sensitivos", aqui).
Nos primeiros dez minutos do piloto, fui acometida por uma necessidade incontrolável de saber exatamente o que estava acontecendo, mas façam como eu: respirem fundo e embarquem na viagem. Não, Sense8 não deixa "coisas no ar" e muito menos pontas soltas. É preciso, sim, pegar o ritmo da história, visitar a vida dos protagonistas, conhecê-los e se acostumar com a maneira como eles descobrem, aos poucos, que não estão sozinhos dentro de si mesmos (caiu uma lágrima poética aqui). Nós, espectadores, estamos junto com eles nessa jornada em busca de respostas. O que é muito interessante, pois à medida em que avançamos nos episódios, parece que mergulhamos mais e mais na trama e passamos a torcer para que as coisas deem certo para as personagens.
Elas, por sua vez, são muito críveis e bem desenvolvidas. É fascinante ver como multi culturas, etnias, sexualidades, religiões, nacionalidades e costumes ganham vida em Sense8 e são unidas por uma coisa tão simples (e bonitas) como as emoções. A série tem seu gênero sci-fi, mas o que fala mais alto são os dramas que todos enfrentam, me lembrando a proposta da finada Lost.
Falando nisso, a série não é a mais indicada para a tradicional
Enquanto a conexão sensorial entre as personagens é desenvolvida, suas histórias individuais são aprofundadas, fazendo com que Sense8 nunca tire os pés do chão, por mais que trate de um tema surrealista: tudo o que acontece parece absolutamente natural aos nossos olhos. Pra completar, a produção é extremamente bem feita e bem organizada, já que é comum nos episódios uma mesma cena acontecer em dois lugares diferentes; dá pra imaginar como foi filmar isso? Não posso deixar de mencionar também a trilha sonora, só por três motivos: tem The Weepies, Antony & the Johnsons e Sigur Rós, a banda mais maravilhosa da face da Terra, que torna qualquer cena mais grandiosa do que ela poderia ser.
Ah, e os rostinhos conhecidos? Não que eu tenha assistido à novela Rebelde ou visto algum show do RBD na vida, mas o Poncho, ex-integrante da banda, é personagem secundário (não sei se posso colocar dessa forma) e está lindo de viada lacradora.
Raio Boticarizador |
Agora, dá uma olhada no trailer abaixo e corre pra Netflix degustar o episódio piloto.